E no meu riso mais escrachado, me encontraram... gestos grandes, risos
debochados, fala imposta essa sou eu defendendo minhas teses, engraçado
que eu nunca me via dessa forma "ÃO", até fazer essa porra de aula de
oratória.
Antes eu me via com gestos "INHOS", pequenininhos,
delicadinhos, comportadinhos... perfeitinhos... hahaha... Sabia que
minhas apresentações em público tinham certo glamour, porém eu sabia que
podia extrair mais de mim...
E lá vou eu, aula de oratória...
entre um bocejo e um cochilo, uma pestanejada para o exercício prático,
entre uma espreguiçada na cadeira e a fofoca com os colegas ao derredor,
uma pausa para o exercício prático, puro tédio, cumprindo tabela, devia
ter feito algo muito ruim pra mim mesma pra me matricular num troço
desse, só podia ser castigo.
Ressalta-se que os exercícios eram
os maiores "MICOS" que alguém pode imaginar em fazer em público, desde
aquecimentos vocais como o caminhãozinho ou carrinho do bebê e todos
pronunciando o uníssono brummmmmmmm..., agruuuuuuuu...,etc a textos
lidos em voz alta com lápis nos dentes, Parabéns pra Você cantado como
um cântico gregoriano, Cai cai Balão imaginando um ovo na boca, travas
línguas. Certeza, era castigo!
Entre um exercício e outro,
algumas gozações e a sala foi se enturmando, mas não queríamos ser
notados naquele meio... nem os mais, nem os menos tímidos, reproduzíamos
aquela aberração porque tínhamos nos propostos a fazer o curso, era só
isso e nada mais.
Num determinado momento do encontro, foi
proposto que sorteássemos um papel com um tema, teríamos de cinco a dez
minutos para estudarmos sobre o assunto sorteado e elaborarmos uma
apresentação, mais dois minutos para fazer a exposição frente a
sala, seríamos todos filmados e depois analisaríamos nossa postura
durante a explanação.
Confesso que achei muito tempo os dois
minutos propostos para o exercício, até porque estava me sentindo
ridícula, o tema era ridículo e todos que frequentavam essas aulas eram
ridículos e meio, até eu me dirigir a frente da sala.
Lembro-me
que cumprimentei a todos colegas com uma boa noite, e logo passei a
introdução do tema... Hoje vim falar com vocês sobre algo que não damos
muita importância até em uma noite escura toparmos com um deles na quina
da cama, é isso mesmo os dedos do pé.
Vejo o olhar dos meus
colegas voltando suas atenções para mim, alguns não só olharam,
ameaçaram um riso e outros soltaram um riso sem graça sinalizando que
prestavam atenção naquela idiotice toda.
Continuei minha
apresentação trazendo informações que pesquisei no "Santo Google",
dizendo: Os dedos dos pés são conhecidos cientificamente como
pododáctilos, nessa hora ganhei a atenção realmente de todos da turma e
fui transcorrendo no tema como uma expert, e blá blá blá...
Não sei descrever-te ao certo o que foi mais estranho: falar sobre os "dedos do pé", ou notar que tinha sido descoberta.
Não
sei bem ao certo em que momento ele me descobriu, mas eu o descobri ao
passar desses dois minutos... Nossos olhos fixaram um no do outro e eu
soltei um riso escrachado e a classe toda caiu na gargalhada...
A-DO-REI!
o exercício patético, esse vozeirão, esse 'risão', esse papelão, você me
olhando como se eu tivesse explanado sobre algo relevante como a não
existência de decadência no processo previdenciário, enquanto falei
apenas sobre os dedos do pé.
Eu sei e Você sabe o significado daquele riso escrachado após a conclusão da explanação.
Daquela
apresentação em diante tudo mudou, cada exercício tem uma graça
diferente... a gente esboça um riso, um olhar, uma provocação, como a
canção de Chico depois brinca comigo ri do meu umbigo e me crava os
dentes...
Pra falar a verdade não chegamos a tanto ainda...
porém, tem muita gente apostando que a gente vai dar certo... e cada dia
mais a gente vai acreditando que isso pode ser uma grande verdade.
Será, que em meio a um riso escrachado na multidão você me encontrou eu te encontrei?
PENSAMENTO GRITANTE, tanto insistiu que tornou-se texto, sua teimosia era tanta que tingiu o papel em branco, e por sua natureza errante seguiu viagem, gritando mesmo que inacabado e sem razão o que pensa. (Tatiana d'Almeida - 08.05.2009)
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Riso escrachado
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Encerrando o capítulo.
Escrevendo a última página em branco do capítulo 44 da minha vida. Revejo os muitos rabiscos rascunhados, sem ter tempo para passar a limpo...

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Quem é você que chega de mansinho, em silêncio, se faz amigo e vem apossando-se de mim sem eu dar conta. Quem é você dono dos meus pensamen...
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É engraçado como algumas coisas não tem a menor graça, e no entanto caímos em risos para não nos afogarmos em prantos. Como sufoca o peito ...
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