É engraçado como algumas coisas não tem a menor graça, e no entanto caímos em risos para não nos afogarmos em prantos.
Como
sufoca o peito e perturba a mente tantos projetos sendo descartados,
essa sensação de impotência, de fim, que nada valeu a pena, de circo
armado e palhaço no picadeiro é que atormenta.
Porque nos permitimos a esses papeis ridículos... o pior porque sempre nos deixamos levar em histórias semelhantes.
Não compreendo, mas deixo-me levar em todas elas como se fossem meu maior e último caso de amor.
Que carência é essa que me encontro, que me perco do que eu almejo, do que eu realmente sou.
Me
apego de verdade mesmo sabendo que não devo me envolver, mesmo sabendo
que vou ter que me reconstruir, sabendo que existirão marcas e que
algumas delas vou tentar esconder a todo custo, principalmente de mim.
Meu
silêncio, meu choro sufocado, meu coração reaprendendo como eu a pulsar
a vida, negando tudo e procurando o tudo e nada que expurgue você.
Leio
novos autores que nem são tão novos assim, meu guarda-roupa ganha um
novo tom, escuto novas versões para antigas canções, provo uma nova
especiaria da gastronomia regada a bom vinho... arquivo as fotos das
viagens e dos bons momentos que também nem foram tão bons, mas que valeu
pelos amigos, pelos risos e pelas histórias.
E no entanto acho graça
dessa bagunça sem graça toda que eu crio, e a resposta é simples: deve
ser porque de tudo isso o que sobra é o que existe de mais essencial e
verdadeiro em mim.
Então abro o coração para novos sonhos, construo
projetos que sei lá vão dar em algum lugar, coloco o melhor sorriso
estampado no rosto, arrumo uma nova trilha sonora... e acredito
sinceramente que o próximo amor será o maior e último da minha vida.
E que seremos felizes para sempre mesmo que não tenha a menos graça isso tudo.
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