quarta-feira, 28 de abril de 2010

Riso escrachado

 E no meu riso mais escrachado, me encontraram... gestos grandes, risos debochados, fala imposta essa sou eu defendendo minhas teses, engraçado que eu nunca me via dessa forma "ÃO", até fazer essa porra de aula de oratória.

Antes eu me via com gestos "INHOS", pequenininhos, delicadinhos, comportadinhos... perfeitinhos... hahaha... Sabia que minhas apresentações em público tinham certo glamour, porém eu sabia que podia extrair mais de mim...

E lá vou eu, aula de oratória... entre um bocejo e um cochilo, uma pestanejada para o exercício prático, entre uma espreguiçada na cadeira e a fofoca com os colegas ao derredor, uma pausa para o exercício prático, puro tédio, cumprindo tabela, devia ter feito algo muito ruim pra mim mesma pra me matricular num troço desse, só podia ser castigo.

Ressalta-se que os exercícios eram os maiores "MICOS" que alguém pode imaginar em fazer em público, desde aquecimentos vocais como o caminhãozinho ou carrinho do bebê e todos pronunciando o uníssono brummmmmmmm..., agruuuuuuuu...,etc a textos lidos em voz alta com lápis nos dentes, Parabéns pra Você cantado como um cântico gregoriano, Cai cai Balão imaginando um ovo na boca, travas línguas. Certeza, era castigo!

Entre um exercício e outro, algumas gozações e a sala foi se enturmando, mas não queríamos ser notados naquele meio... nem os mais, nem os menos tímidos, reproduzíamos aquela aberração porque tínhamos nos propostos a fazer o curso, era só isso e nada mais.

Num determinado momento do encontro, foi proposto que sorteássemos um papel com um tema, teríamos de cinco a dez minutos para estudarmos sobre o assunto sorteado e elaborarmos uma apresentação, mais dois minutos para fazer a exposição frente a sala, seríamos todos filmados e depois analisaríamos nossa postura durante a explanação.

Confesso que achei muito tempo os dois minutos propostos para o exercício, até porque estava me sentindo ridícula, o tema era ridículo e todos que frequentavam essas aulas eram ridículos e meio, até eu me dirigir a frente da sala.

Lembro-me que cumprimentei a todos colegas com uma boa noite, e logo passei a introdução do tema... Hoje vim falar com vocês sobre algo que não damos muita importância até em uma noite escura toparmos com um deles na quina da cama, é isso mesmo os dedos do pé.

Vejo o olhar dos meus colegas voltando suas atenções para mim, alguns não só olharam, ameaçaram um riso e outros soltaram um riso sem graça sinalizando que prestavam atenção naquela idiotice toda.

Continuei minha apresentação trazendo informações que pesquisei no "Santo Google", dizendo: Os dedos dos pés são conhecidos cientificamente como pododáctilos, nessa hora ganhei a atenção realmente de todos da turma e fui transcorrendo no tema como uma expert, e blá blá blá...

Não sei descrever-te ao certo o que foi mais estranho: falar sobre os "dedos do pé", ou notar que tinha sido descoberta.

Não sei bem ao certo em que momento ele me descobriu, mas eu o descobri ao passar desses dois minutos... Nossos olhos fixaram um no do outro e eu soltei um riso escrachado e a classe toda caiu na gargalhada...

A-DO-REI! o exercício patético, esse vozeirão, esse 'risão', esse papelão, você me olhando como se eu tivesse explanado sobre algo relevante como a não existência de decadência no processo previdenciário, enquanto falei apenas sobre os dedos do pé.

Eu sei e Você sabe o significado daquele riso escrachado após a conclusão da explanação.

Daquela apresentação em diante tudo mudou, cada exercício tem uma graça diferente... a gente esboça um riso, um olhar, uma provocação, como a canção de Chico depois brinca comigo ri do meu umbigo e me crava os dentes...

Pra falar a verdade não chegamos a tanto ainda... porém, tem muita gente apostando que a gente vai dar certo... e cada dia mais a gente vai acreditando que isso pode ser uma grande verdade.

Será, que em meio a um riso escrachado na multidão você me encontrou eu te encontrei?


 

Você acabou.

Hoje levantei já cansada, pedindo colo, querendo ficar amuada em meu canto ao lado de coisas e pessoas que me são referências.

Tomei uma difícil decisão, a partir de hoje eu começo a esquecer meu grande amor... tenho medo de me esquecer junto. Mesmo assim tentarei...

Resolvi que vou sufocar todo esse sentimento que nutri por você até levá-lo a óbito, porque só assim não vou ter que retroagir para me buscar no meio do caminho cada vez que volto para te encontrar.

Aliás, vou te esconjurar, fazer um ritual para expurgar tudo o que se refere a você.

Não quero lembrar do som da sua voz...

Não quero lembrar do gosto do seu beijo.
Nem do cheiro da sua respiração.

Nem quero a sensação do toque suave da sua mão sobre a minha, tampouco a proteção que sinto do calor do seu corpo sobre o meu.

Não, Não e Não repetidas vezes Não...


Pela primeira vez não me sinto covarde em prol da minha decisão, ao contrário, me sinto muito encorajada a recomeçar sem você.

Acreditei durante longos anos que se te mandasse embora do meu coração, da minha mente e da minha vida, não sobreviveria nem um minuto com sua ausência...

Estou hoje redescobrindo como é bom poder ser inteira, como é bom sentir-se inteira... e que não tenho que me contentar com as migalhas de atenção e sentimento pra não ficar sem nada, porque sobrevivo sem você.

Nessa tentativa tresloucada de me livrar da sua presença, encontrei alguém muito mais interessante, que se chama EU.

Esse Eu, que ficou sufocado com sua presença que não sabia fazer nada que não fosse para te agradar, para engrandecer seus olhos, ser notada, e ganhar a recompensa de ter você por perto, por poucos minutos ou algumas horas...

Cansei do seu máximo com sabor de mínimo.

Cansei de falar, de calar, de me acabar, de silenciar...

De você... só lamento o tempo que perdi, assim como essa última noite mal dormida para te sepultar nesse conto.

Você acabou.

domingo, 4 de abril de 2010

Mensagem de Páscoa.

Como toda festa religiosa, permito a pausar-me nessa agitação e refletir sobre alguns conteúdos coletivos e individuais, e isso não me causa mais nenhum espanto ou estranheza, porque sempre acaba em algum rascunho do que ouso a pensar... e adoro essa “Pessach”.

E propositalmente, hoje uso a expressão em hebraico, por ser tradução da palavra “Páscoa” e significar “Passagem”, que é o que faço nesse momento ao transmitir meus pensamentos.

Celebramos então no dia de hoje o Princípio de uma Nova Vida, a redenção da própria humanidade e a promessa de um futuro de grandes realizações.

Pode parecer loucura, mas Páscoa tem o mistério da Redenção, surge como um processo de Restauração...

Engraçado como esse domingo não é como os demais, e na verdade não o é, Eis que jaz o velho homem, sepultamos nossos medos, nossas angústias, nossos fracassos, então Ressurgimos não acordamos, amanhecemos cheios de esperanças, enxergamos novas oportunidades de amor, de conquistas, de sonhos;

Recomeçamos a lapidar velhos princípios de companheirismo, cumplicidade de doação ao próximo;

Recriamos a pureza da criança, a força já esmorecida, as certezas adormecidas;

Reconstruímos nossos alicerces morais, espirituais, intelectuais,

Reerguemos a cabeça como as pontes derrubadas pelas vicissitudes do dia a dia;

Renascemos resgatando o nosso melhor, empedernidos, como terra fértil ...

De fato somos um novo ser, fizemos a passagem pelo Egito, nosso mar vermelho se abriu em oportunidades, duas torres enormes de águas, um exército a te perseguir e um caminho novo a frente...

Mudar ou permanecermos estáticos a margem???

Sem sombra de dúvidas Mudar, nos libertamos do nosso cativeiro e deixarmos de nos escravizar, de nos punir pelo fracasso aparente, de nos apiedar...

Buscamos mudanças ao fazer essa travessia e conseguimos nos Salvamos das tristezas, dos egoísmos, descobrimos que nos condenamos nos crucificamos, por antecipação aos nossos problemas, mas que existe uma Nova Vida - existe luz no fim do túnel...

Pois bem, findamos mais um ciclo, que esse recolhimento nos traga um ano abundante, um tempo de paz e esperança.

Uma feliz Passagem a todos Nós....


Encerrando o capítulo.

Escrevendo a última página em branco do capítulo 44 da minha vida.  Revejo os muitos rabiscos rascunhados, sem ter tempo para passar a limpo...