Conte algo que me faça rir, que me desconcentre de tudo por alguns instantes.
Que
seja engraçado, como aquelas histórias da sua infância, me transporte
para um tempo diferente, onde não existia outro compromisso que não
fosse a felicidade.
Detalhe os lugares, as pessoas, seus sentimentos
pois quero conhecer você, me conte como era o cheiro, o gosto, o som do
ambiente e da voz, a cores... deixe eu recriar seus espaços.
Me mostre seu mundo e de fato quem é você, não quero a ilusão de conhecer alguém.
Venha me trazendo para a sua história e me conte dos seus momentos difíceis, para que eu valorize seus aprendizados.
Fala
das suas tristezas e o que lhe causou dor, enquanto isso, deixe eu
repousar a cabeça no seu peito, e sentir o pulsar do seu coração
revivendo cada momento, para que eu me emocione e sinta um pouco da
emoção de cada um deles, para dar-lhes a devida importância.
Deixe eu
saber dos seus gostos mais exuberantes, do seu sonho mais tresloucado,
das suas chatices, dos seus vícios e tudo o mais que forma quem és.
Cante
a sua canção predileta, sabe aquela que a gente adora cantar no
chuveiro escondido de todos com direito a vozes e coreografias.
Não quero saber seus segredos, eu quero saber quem é o personagem real, pois o restante eu invento somando a minha história.
Ah, a minha história...
Minha
infância foi toda especial cabelo curto, bota ortopédica e muita
travessura, entre bolas de gude e papagaios, joelho esfolado e cabeça
rachada... banho de bacia, mangueira só de calcinha, era dona de casa
entre as minhas panelas, fogãozinho e outros utensílios, nunca fui boa
mãe para as minhas bonecas pois enjoava delas com total facilidade e
desde cedo amava lecionar para meus bichos, para mim a vida e o quintal
era um palco, onde cantava e dançava piruetando, rodopiando e
saltitando.
O seu cheiro era de bolinho de chuva, regado a muita canela e açúcar e seu som era a voz da minha mãe chamando pra entrar com o venha comer menina, o ronco do opala prata do meu pai chegando anunciando que mais um dia chegava ao fim, as suas cores eram o azul com bolinhas cor-de-rosa retrato da mais pura felicidade...
Com o tempo muita
coisa mudou, mas acredito que eu continuo a mesma moleca, uma criança
grande, de sonhos imensos, e medos maiores que me impulsionam não que me
paralisam.
O que me para??? hummmm.... uma boa história, um abraço
apertado, uma panela de brigadeiro pra comer de colher, algo que me
tire o fôlego de tanto rir ou de tanto chorar sei lá os dois são fáceis
por demais da conta... uma saudade, mas, não me param por muito tempo,
só o tempo necessário para vivê-lo.
Meu sonho mais tresloucado é ser
Juíza do Trabalho.
Minha maior chatice é ser mimada mesmo, pense em uma filha única de TPM...sou eu.
Vícios??? Queijo, Café, Chocolate, tudo o que eu não posso.
Não tente desvendar meus segredos, preservei o
hábito de dançar piruetando rodopiando e saltitando pela casa e não
tenho vocação para a vida doméstica nem para a maternidade ainda... essa
personagem é real, viu!
Canção Predileta... essa eu faço questão que ouça e veja ao vivo, se resistir é sinal de que será meu.